NA TENDA DA BRUXA
Gotas na soleira
Da porta
Pintura antiga
Um vaso esquecido
Planta morta
Se sentido ferida
Porque o tempo
Amigos não perdoa
Não sabe
Nem nos percebe
Avança pela rua
Entre ventos uivos
dentes cerrados
Tem muita sede
Querendo as frutas
não colhidas
Pra ceia da vertigem
Dos espíritos
Que estão sentados
Na mesa
Velas acesas
Baralho de cartas
Mistura de cartas
Escritas
P’ro advinho
Estender as mãos
Sobre as mãos cegas
De vida
Vão ver a sorte
Porque a morte
É um perigo mudo
Escudo desprotegido
Quer a verdade
Obscura
Que o antecipo
Do confrade
Se obriga a ser inimigo
Ouvem hinos
Numa dança tonta
Nada beberam ainda
Há entidades soltas
Vagando
por entre seus vícios
desde o início
chegaram sem ver
que ainda estavam
parados na porta
recebidos
pela morta
de risada infantil
havia um barril
onde se bebia absinto
era o instinto
indo de encontro
ao coveiro da mentira
aqui se encerra a estrada
o conto de fadas
vivi só
sem madrinha...