Fim de trégua
Em teus lábios sem nenhuma trégua o silêncio indizível que não se desata, agora sobre teus sapatos fora de moda, sobre teus paletós dependurados ou dobrados em gavetas de outros tempos. Num museu deteriorado. Em bibliotecas deterioradas onde seus livros pouco manuseados alimentam traças e lentamente se acabam. Ensimesmados de suas palavras. De suas tão suas palavras, ligeiramente lidas e devolvidas ao silêncio que se desata aos que ousam pensar alguma vã filosofia.
Perde a memoria seu valor, chicote nos olhos do cavalo. Nenhuma manhã parece ser deposito do próprio desamparo, tudo esquece tudo freia enquanto passa enquanto deixa de ser comentário, tudo abraça o mesmo silêncio que consome em traças em prateleiras e armários. Na morada eterna das imagens, onde a tarde voa livre num papel. A fibra de suas unhas sempre polidas, as mesmas linhas que são os caminhos das palavras! Que nunca se desgastam, e voam assim sem quem as possa lembrar.
Palavras que não dizem adeus á solidão, nos lábios de quem em silêncio as compõe.