O abismo interior
A noite fez do improviso a necessidade
As palavras se fecharam sobre a chuva para liberta-la
A luz se fechou sobre o improviso no crepúsculo
O sol migrou como centopeia
Com seus raios para encontrar outro lugar
Num copo de sangue afundando-se
Num escuro de céu entre raízes de estrelas
O calor do viver pulsando no musculo que morre sem prever a eira que o destila
Derramando a tinta de sua pobre palavra
Que o vento seca
Livre eram as vozes que cabiam no mesmo silêncio
Afastando das tardes as lembranças
Onde as paredes se cruzam e todos os olhos vazam seu medo de nada dizer
E ao longe eles falam de você
Ao longe todos te olham como se o único culpado fosse você
Todos morrem com seus próprios gemidos
Com suas dores
Seus infinitos pensamentos
E o abismo interior do homem é devorado pelo bicho que nunca morre