a lua é um pranto de ouro no céu
uma gaivota tresnoitada
lança na penumbra
um estridente apelo
absurdamente desperta
obstinadamente lúcida
pergunto ao universo
onde se terá escondido
Morfeu
perco-me na distância
contemplando o reflexo
das luzes que marginam
as águas do Tejo dormido
Tejo amigo envolve-me
nos teus azuis lençóis
onde agasalhas o sol
que tão cedo surgirá
derramando esplendor
nos telhados vermelhos
nas arvores e flores
dos velhos quintais
o cansaço tem o peso
de uma cordilheira
esmagando o meu peito
late um batuque arrastado
dentro do que sou
mantendo livre e pleno
quem sou Eu.