Meu ofício
Escrevo com pressa:
No trabalho
Na rua
Em casa.
Às vezes bêbado
Às vezes louco
Às vezes lúcido demais
Para apenas
Dar bom dia
Boa tarde
Boa noite,
Mas nunca interpretando
Um papel.
O meu melhor e o meu pior
Estão evidentes
E se meu verso gagueja
Também gaguejo na carne.
O estilo é o defeito
É você deformar o som da palavra
Que bilhões de homens deformaram
Antes de você
Com o som da sua própria voz.
Sou tímido diante dos homens
Mas escrevendo posso ser Deus.
O horror
O ridículo
E alguma alegria
Salpicadas na tela
Do computador:
Meu ofício:
Mais um poema
Com o qual me defendo dos homens
E me junto a eles.