Meu ofício

Escrevo com pressa:

No trabalho

Na rua

Em casa.

Às vezes bêbado

Às vezes louco

Às vezes lúcido demais

Para apenas

Dar bom dia

Boa tarde

Boa noite,

Mas nunca interpretando

Um papel.

O meu melhor e o meu pior

Estão evidentes

E se meu verso gagueja

Também gaguejo na carne.

O estilo é o defeito

É você deformar o som da palavra

Que bilhões de homens deformaram

Antes de você

Com o som da sua própria voz.

Sou tímido diante dos homens

Mas escrevendo posso ser Deus.

O horror

O ridículo

E alguma alegria

Salpicadas na tela

Do computador:

Meu ofício:

Mais um poema

Com o qual me defendo dos homens

E me junto a eles.

Daniel Barbosa
Enviado por Daniel Barbosa em 03/07/2014
Código do texto: T4868368
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