INTIMIDADE
Num transe fiz-me artesã,
ensaiei ser dançarina.
No tear produzi versos,
dancei entre a bruma,
deixei-me levar
sendo brisa da noite,
companheira da madrugada -
estrela renascida na manhã.
Flutuando em amor
invadi o recôndito do poeta,
capturei-lhe a alma, as ferramentas,
deitei-me em sua cama
desfiz minhas vestes,
desfiz-me!
Lá fui eu mesma -
perfumosa rubra rosa
aspirada com delícia,
sorvida com desejo,
colhida por inteiro,
feita escultura e poema
de amoroso jardineiro.
imagem: Maria Augusta
imagem: Maria Augusta