amor é prato que se come quente

Enquanto baixo “Dança com Lobos”,

Para observar marcas da “civilização”

Ouço a clarinada de certos arroubos,

Que pulsam aqui, no teu coração...

Sim, está comigo, apesar de ser teu,

Se meu teria raiva, e te tem ternura;

o que recordo triste ele já esqueceu,

e só move-se para você com doçura...

a transparência opaca de teu disfarce

é percebida por meu olhar de raio x,

consegue ver já a manhã que nasce,

onde meu deleite será, te fazer feliz...

mesmo que teu corpo por mim apele,

sádico verei a tortura de minha calma;

pondo um freio aos anseios da pele

fruindo antes, o prazer sutil da alma...

sei, o ramo do desejo ligeiro medra,

esperar um tanto será parte do jogo;

para então sôfregos atritarmos pedras,

na ansiosa descoberta de nosso fogo...

apenas nós sem um indesejável, “ele”,

amor não comporta esse assombro;

e depois do encaixe primitivo, aquele,

tua lassidão encaixará em meu ombro...

a água flui rápido instalados os canos,

vou rir da sina essa ignóbil farsante;

de ter esperado e sofrido tantos anos,

pra de repente, ser feliz num instante...