Da Inspiração - III
Hoje, não vi a lua, minha namorada...
a noite má, do coração, tirou pedaço;
e, mais que uma solidão despedaçada,
dói a fisgada do poema que não faço.
Inspiração me diz que não...não digo nada!...
ouço estrelas que desdizem, no espaço;
e no não-dizer da gritante madrugada,
o silêncio grita um silêncio de aço.
Não quis ouvir (mais) a voz da mulher amada;
fiz da lua, meu algodão...meu bom chumaço;
mas, por não vir, me desfiou estardalhaço;
não mais escuto a mudez enluarada
que escutava quando a noite calada
caçava versos que, sozinho, hoje caço.
29-06-2014