Carta ao poeta
Não te posso falar de meus medos,
Enterrados estão na minha garganta.
Não te posso contar meus receios,
Presos estão à minha história.
Sou alguém que luta com a memória,
Que desafia o tempo e o destino.
Não te posso falar dos desejos,
Sufocados estão dentro de mim.
Não te posso contar meus sonhos,
Desfeitos foram pelo tempo e fim.
Sou valquíria, sem passado nem futuro,
Que brande um escudo contra o mundo.
Poeta, na matriz do poema há um sonho findo,
Na raiz desse sonho oculto, a nostalgia,
A sombra de uma falta atroz que desnorteia,
A saudade imensa, que se traduz em poesia.