Cinzas da manhã
Amanhecer
com um choro latente
que ferida indolente
há nessa alma
desolada!?
O medo do tempo,
implacável e indestrutível,
que leva surdo
a flor que a natureza nos deu.
E a morte que pensamos
sempre em dualidade,
que seja nunca
ou que seja logo.
Que noite dolorosa
dormiu quem chora de manhã
quais furtos as ilusões da vida
causaram a tal flor caída.
Depois da tristeza esvaída,
vem uma força querida e egoísta
de que nada há de se derrotar
tão efêmera, atrevida na vida,
é o orgulho de quem se ama,
orgulho de quem se encontra,
brutalidade insana da alma,
que doravante, até o anoitecer,
é inexorável.