Páginas úmidas
Neila Costa
O rosto no pó,
espelha o meu
tornado
em águas
e não só.
Dolorida,
ao léu, a carne
deambula
condoída.
Sigo pelas ruas,
continuadas,
pelos dias insossos
sem sol,
pelas frias madrugadas;
vivo
como lua encoberta,
embrulhada em manto
de nuvens,
à chuva de sobreaviso;
vivo
de improviso,
sem caça e sem riso,
sem me conter;
vivo
por tuas lembranças,
por tua alma cândida,
cristalina,
sossegada,
rendida
aos campos infinitos
do céu;
vivo
como quem por dentro
vive do teu olhar que me lê,
nas paginas úmidas de saudade
de você.