Cancão

Não me diga se está chovendo

Ou se estiver fazendo sol

Que eu sou como planta

Natureza

Disposta a me molhar

A enfiar os pés no charco

A ouvir o cancão cantar

Não me fale de sua dor

Nem eu falarei da minha

Sofra em silêncio

Ouça o cancão cantar

Tome banho de riacho

Deixe que o amor eu acho

Nem é preciso procurar

Mas não morra antes de ouvir

Na caatinga

O cancão cantar

Fique atento, olho na estrada de barro

Que o destino se aproxima

Vem por terra, mar ou ar

Mas antes que a sina chegue

Ouça o cancão cantar

***

Nota sobre o cancão no link http://www.onordeste.com/onordeste/enciclopediaNordeste/index.php?titulo=Canc%C3%A3o&ltr=C&id_perso=2736

O cancão é uma ave da ordem Ciconiiformes, família Falconidae, pertencente ao género Daptrius. Na caatinga do Nordeste, o cancão é o principal observador, nada passa despercebido deste pássaro. Quando alguma coisa estranha ocorre, este pássaro é o primeiro que da o sinal e chama atenção dos demais animais. É onívoro. O cancão alimenta-se de quase tudo que encontra na caatinga, más da preferência a ovos de outros pássaros e larvas de insetos encontradas em ocos e em baixo das folhas que caem ao chão. Na caatinga, este pássaro é o principal consumidor dos frutos das cactáceas, tais como, mandacaru, xiquexique e facheiro. O cancão também conhecida como a Gralha da caatinga, pela semelhança com a gralha que dispersa sementes de pinheiros no sul do Brasil. O cancão normalmente vive em bandos de 3 a 5 pássaros.

Cancão, o alarme da caatinga

Cyanocorax cyanopogon Wied, 1821

Habitat: Caatinga (endêmicas) e esporadicamente no Cerrado.

Alimentação: Insetos, verrmes, sementes, frutos (Cereus jamacaru) e atacam ninhos de outras aves.

Corpo: 337mm.

Nidificação: Nidificam de setembro a outubro, com incubação de 15 a 18 dias. Ovos brancos rosados pintalgados de castanho-escuro. Jovens nidícolas deixam o ninho após 20 dias. Ninho frágil, bem pequeno e ralo em forma de tigela. O casal constrói o ninho e cuida da prole e incubação.

Curiosidade: São considerados o alarme da Caatinga, acusando a aproximação de todo e qualquer predador, com sua gritaria. São de hábitos gregários, com até 8 indivíduos por grupo.

Fonte: Aves da Caatinga, István Major, Luís Gonzaga Sales Jr. e Rodrigo Castro, Edições Demócrito Rocha/Associação Caatinga, 2004.

1. Pássaro preto comum no Nordeste.

2. O Minidicionário de pernambuquês, de Bertrando Bernardino, registra:

"Magro de músculo rígido; magro que só cancão."

Ver guenzo / pau-de-virar-tripa.

3. O jogo de academia ou amarelinha no Piauí.

4. No sentido figurado é um cabra metido a besta, a valente, grenado, topetudo, conforme Antônio Nóbrega:

"Sou o Mateus presepeiro, / sou cancão, sou João Grilo, / eu sou o Benedito, / Tira-Teima e o Tiridá." Mateus embaixador, Antônio Nóbrega.

Fonte: Dicionário do Nordeste, Fred Navarro, Estação Liberdade, São Paulo, 2004.