SOB O OLHAR DAS AVES
Quero minha casa guardada por aves.
Por detrás da casa, jasminzeiro multicolorido
e um fiapo de rio cortando a tarde ao meio.
Lá, dentro desta casa guardada pelas aves,
percebo que não sou uma pessoa sem ninguém dentro.
Lá, recolho meus fragmentos e faço-me inteira
no pequeno pedaço que sou.
Quando quero ser apenas pedaço
ou ter o sossego de uma pedra,
vou para o fiapo de rio que me corta ao meio
e faço de sua margem um objeto de poesia...