INDIRETA POÉTICA ÀS GENERALIZAÇÕES
INDIRETA POÉTICA ÀS GENERALIZAÇÕES
I
somos todos machistas
opressores
perpertuadores perturbadores
do primado do patriarcado
um bando de estupradores
surgindo por todos os lados
cuidado
para não ter
seu conceito arrombado
II
somos todas putas
vadias feias peludas
lésbicas com falta de rola
cuidado
se não rola
na sua abundância
de preconceito
uma de boas
III
somos todos pobres
paraíbas mal educados
analfabetos
esturricados
cuidado
com a sua
seca de espírito
nem chuva de agua benta resolve
IV
somos todos neguinhos
pretições
minorias em excesso
claro é o seu preconceito
cuidado pra não te cegar
somos todos branquelos
transparentes invisíveis
riquinhos
mais cheio que nosso bolso
é sua alma de ódio puro
V
somos todos gordinhos
botijões baleias
comilões
manda outra rodada
de xingamento
pra terminar de encher meu bucho
somos todas magrelas
vara pau passa fome
botando o dedo na boca
e vomitando seu ódio por nós
VI
somos todos gigantes
postes
talvez um dia
a gente acenda uma luz
nas suas ideias obscuras
somos todos anões
tampinhas tamburetes de forró
pintores de rodapé
um dia você leva uma rasteira
lá tu vai ler: mané
VII
somos todos macacos
mas a banana
ninguém quer comer
Dija Darkdija