Perdão

Quero sobre mim

Seus olhos de expressão indefinida

Mais claros que as luzes da avenida

Tão errantes quanto os barcos dos Lusíadas.

Lembro-me da turva e insaciável sede

Que fizera-te intemente a abandonar-me

E a sua tola e determinada busca

A um Eldorado ou a um Oásis,

Acertara-me de cheio a fronte

Do meu ego embrigado e pulsante.

Mas agora, reclino meus recalques

Transversalmente, despejando-os

No sepulcro destinado à vaidade.

Mesmo que enterrados não foram velados

Num embalsamento com o intento

De manter oculto a vista

Tudo o que ameaça os novos tempos.

Quero sobre mim seus olhos de novo.

Fardos, estorvos e fantasmas

Não são mais prata-da-casa.

Seja bem vinda, mais uma vez, e me abraça.

Felipe Alves Freitas
Enviado por Felipe Alves Freitas em 29/06/2014
Reeditado em 30/11/2014
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