Perdão
Quero sobre mim
Seus olhos de expressão indefinida
Mais claros que as luzes da avenida
Tão errantes quanto os barcos dos Lusíadas.
Lembro-me da turva e insaciável sede
Que fizera-te intemente a abandonar-me
E a sua tola e determinada busca
A um Eldorado ou a um Oásis,
Acertara-me de cheio a fronte
Do meu ego embrigado e pulsante.
Mas agora, reclino meus recalques
Transversalmente, despejando-os
No sepulcro destinado à vaidade.
Mesmo que enterrados não foram velados
Num embalsamento com o intento
De manter oculto a vista
Tudo o que ameaça os novos tempos.
Quero sobre mim seus olhos de novo.
Fardos, estorvos e fantasmas
Não são mais prata-da-casa.
Seja bem vinda, mais uma vez, e me abraça.