O MENINO SÓ (Tributo a Francisco Alexandre)

O menino só caminhava

Pela cidade procurava

Amigos, carinho, proteção;

Caminhava, mas sempre em vão.

Olhava tudo, os carros e os arranha-céus,

Procurava por entre os concretos da cidade

Um lugar... um lugar no céu.

Andava, procurava, chorava

Procurava caminhos pelas vias, rodovias e ferrovias

Procurava, mas nada encontrava, nada via

Ninguém lhe sorria.

Procurava amigos, pedia a mão,

Mas, todos lhe diziam...não!

Procurava conforto e comida

Emprego e uma posição,

Na sociedade, uma função.

Queria fugir de tudo

Do preconceito, do egoísmo, da indiferença,

Mas sempre lutava,

Pois, ainda tinha esperança.

Mas, só lhe davam ilusões,

Remédios que lhe causavam alucinações,

Pílulas, chás, injeções,

Coisas que só lhe trouxeram complicações.

Sentia-se mais só, mais perdido.

Os caminhos mais se fechavam.

O céu mais se escondia

Sentia que menos o amava,

Mas procurava, mas nada via.

Resolveu sair da cidade

E procurar na natureza

Um pouquinho de felicidade,

Talvez menos falsidade

E mais franqueza.

Olhou para o céu, olho para o mar.

Tudo era mais tranquilo, lá era o seu lugar.

Não havia carros, nem poluição,

Não havia inimigos, nem arranha-céus.

Sentia uma calma, uma proteção

Onde os telhados de sua morada

Era o azul do céu.

Ainda pensava no seu lugar na sociedade,

Mas era difícil encontrar-se na cidade.

Mas lá, diante do céu e do mar,

Sentia-se seguro, pois o calor do sol

E a luz do luar, vinham lhe abraçar.

E o tempo passava, e o menino procurava

Fazia planos e sonhava.

Sonhava em ser notado, em ser amado,

Em ter apoio, em ter uma mão,

Mas ninguém lhe dava.

Até que um dia, o céu se abriu,

Quando ele gritava, ninguém ouviu

Pois, alguém que se afogava

A mão lhe pediu.

O menino nada pensou, nada viu,

Apenas ouviu e a mão estendeu.

O mar o abraçou, o sol o iluminou

Mas, a vida de alguém , ele salvou.

Agora, o menino solitário

Que sempre estivera só e triste,

Não procura, não sonha, não chora,

Pois encontrou a paz, a tranquilidade e um lugar.

Um supremo lugar onde não se sente mais só,

Onde tudo que ele queria, existe,

Onde só a igualdade e a compreensão podem reinar.

Fathyma Jaguanharo
Enviado por Fathyma Jaguanharo em 29/06/2014
Código do texto: T4862993
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