Da Posse - II
É minha!...a vontade de ser o dono de nada...
de possuir a liberdade de quem nada tem...
de tornar, sempre pública, essa alma privada
que priva a si mesma, ao privar-se de alguém.
É minha!...e, por isso, precisa ser liberada
a vontade de me conservar humilde, também;
por que a humildade só pode ser conservada
por quem conserva a fé de que, dela, está sem.
É minha!...e essa posse não será usurpada
se não for só um egoísta escravo do bem...
se o orgulho não fizer, da bondade, refém...
se for livre, enfim...se não precisar ser notada...
essa vontade que, para se sentir saciada,
dá tudo que possui, sem ter possuído, porém.
Roberto.