O cara

E lá estava ele

Carta marcada

Não tinha eu antes

Notado nada.

Mas uma cara amiga minha

A ele me apontara

E lá estava ele

Minha cura

Minha cara

Sem cabelo curto e topete

Sem camisa pólo engomada

Com cara de tostão furado na carteira

E camiseta de banda amassada.

E lá estava ele

Me voltei ao cara do bar

Pra reclamar daquela cerveja

TAVA MUITO CARA!

Com a cara emburrada de derrota

Paguei pelo absurdo

De tentar curtir um pouco fora de casa

Voltei o olhar à mesa, e...

CARACA!

O cara foi embora!

Minha amiga brincou: “Que fora!”

Conformada com o fim do episódio

Fui saindo de cena

Me tocou pela mão o Cidão

Atendente no bar do Custódio

E sem eu muito prestar atenção

Me empurrou um guardanapo, deslizando pelo balcão

Enquanto eu ainda forçava uma cara de pena

Amassado

(Tal qual era sua camiseta, lembrei)

Alguém escreveu uns borrões de caneta

Que das quatro linhas

Só deu pra ler a última e a primeira:

Primeira: “Olá, sou o cabeludo de camiseta preta

da mesa da esquerda, se me permite....”

Última: ...”se a resposta for “SIM” me ligue”

E novamente um borrão mais à direta no final do guardanapo

Com o que parecia ser uma seqüência interessante de números

Vi o rastro molhado da cerveja cara no balcão

E gritei:

“Pow! Sacanagem, você me fez perder o cara Cidão!"

&lis*

28/06/14

Elis Maria
Enviado por Elis Maria em 28/06/2014
Código do texto: T4862107
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