POEMA DE TRINTA E SETE FACES
POEMA DE TRINTA E SETE FACES
quando eu nasci, um anjo viajoso,
desses que são doido que nem o djabo
olhou pra careca e disse: vai timbora, menino,
vai ser isso aí mermo enquanto pode!
(vai ser doido na vida)
tu num sabe se tem outra chance ou não...
vai que eu seja fruto da tua imaginação?
(ou não)
vai escrever uma história
vai escrever qualquer coisa qualquer
vai escrever sem olhar pro lado enquanto o bonde passa
vai escrever as tuas pernas pra levantar e andar
(vai escrever)
fui.
o que sinto escrevo. o que não sinto, também.
o absinto e o conhaque não escrevo, e quase não tomo.
prefiro chá de Amandalice.
o bicho abusou tanto com a ladainha que o problema não é mais escrever.
é parar de escrever. vou parar de escrever quando?
quando assim como surgiu a ideia a ideia dessurgir?
quando o powerpoem bugar de uma vez e não der pra formatar?
quando eu morrer?
(dá no mesmo)
Por conta de uma questão paralela,
nunca mais escreverei um soneto.
Escrevo poemão e poemeto,
poe(re)mix mais que tagarela...
Quem sabe outro dia? Não, prometo:
um dia, quando entrar numa viela,
eu tiro essa metade da panela!
(dá não)
quando eu morrer
e tocar o bolero de ravel
e o sarau viajoso ocorrer
vai tar lá o tal do anjo
ouvindo espantado e dizendo:
e num é que foi mesmo?
Dija Darkdija