O impulso
O impulso vem
E a vontade vence o senso
As minhas mãos, tremendo,
Perdem o controle
Meus pensamentos focam em um objetivo:
Mergulhar, sem medo,
Nesse descontrole.
O pudor vem
E o Superego entra em cena
Mas num só golpe
O Id o leva a nocaute
Tantos detalhes me dizem
Que vale a pena
É o olhar, o batom, o sorriso e o esmalte.
Será que alguém sabe
Ou desconfia disso?
Eis que a vergonha surge
E o rosto fica rubro
Mas a razão nesses momentos: aguçada
Pra encobrir o feito
Eu também me cubro.
O pensamento voa longe
(Vai ao ares)
Se perde entre as imagens
Guardadas no arquivo
Vasculha casas, cinemas,
Quintais, bares...
O coração acelerado
(Ainda estou vivo!)
E o movimento movimenta o ponto morto
Se já está torto
Que se entorte o mundo inteiro
Vejo você parada em minha frente
Infelizmente não posso sentir seu cheiro.
Suor escorre pela testa claro e espesso
(Ao longe ouço o som de cem mil catedrais)
Desce pelo meu rosto e depois goteja
Ninguém me beija
Estou sozinho
E quero mais.