Diálogo com o coração

Por que não ouves quando te aconselho

Quando imploro para que te aquietes?

Por que fazes de minha alma um espelho

Em que eu me olho, mas que a ti refletes?

Não sou surdo aos teus apelos

Nem desprezo tua dignidade

Sou apenas displicente com teus zelos

Devido a minha impulsividade

Negas que não me escutas, e justificas-te de maneira tal?

Quem julga seres para tratar-me assim?

Não vês que és para mim uma arma mortal

Que pode, casualmente, determinar meu fim?

Não sejas definitivo e desrazoável

Pois de tua vida, dependo eu aqui

O que não podes é tolerar o inevitável

... a força que exerço sobre ti!

Ingrato! Mimo a ti com sonhos e esperanças

Com ternura e até amor

E tu, rebelde como uma criança

Vives a brincar, sem nenhum pudor

És cego e obstinadamente covarde

Pois não assumes tua própria condição

Negas com loucura a chama que em mim arde

Rejeitas, debilmente, a força da paixão

Hás de consumir-te em tristeza somente

Por negar-te o direito da emoção

E hás de perambular, inutilmente

Combatendo o teu próprio coração...

Priscila de Loureiro Coelho

Priscila de Loureiro Coelho
Enviado por Priscila de Loureiro Coelho em 21/02/2005
Código do texto: T4860