A ZEBRA

Esse meu jeito tão sem jeito de ser eu

Sem elegância e nem aptidão alguma

Não sei falar o que você deseja ouvir

Pensando bem... Qualidade? Nenhuma!

Fico num canto, como um velho objeto

Ninguém me nota, todavia eu noto tudo

Ninguém me olha, embora eu observe todos

Ignorado eu sigo cabisbaixo e mudo.

Num dia cinza de abril, sem esperar nada

O sol brilhou do nada e iluminou a tudo

Ela passou por mim (não tocava no chão!)

Como era linda! (Impenetrável seu escudo).

Mesmo sem alimento, fiquei saciado

Mesmo sem água, eu já não sentia sede

Mesmo sem ter algemas, me sentia preso

Sem perceber ela me tinha em sua rede.

Mas eu sabia, lá no fundo eu já sabia

Minhas chances, infelizmente, eram nulas

Perto dos outros dois milhões de pretendentes

Eu era simplesmente o imperador das mulas...

Mas eis que um dia (Oh Destino imprevisível!)

Ela me viu, me quis e eu já não estava só

Ninguém acreditou (fugia às previsões)

Eu era então o premiado, a zebra mor!

Weverthon Siqueira
Enviado por Weverthon Siqueira em 26/06/2014
Reeditado em 09/04/2023
Código do texto: T4859264
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