A ZEBRA
Esse meu jeito tão sem jeito de ser eu
Sem elegância e nem aptidão alguma
Não sei falar o que você deseja ouvir
Pensando bem... Qualidade? Nenhuma!
Fico num canto, como um velho objeto
Ninguém me nota, todavia eu noto tudo
Ninguém me olha, embora eu observe todos
Ignorado eu sigo cabisbaixo e mudo.
Num dia cinza de abril, sem esperar nada
O sol brilhou do nada e iluminou a tudo
Ela passou por mim (não tocava no chão!)
Como era linda! (Impenetrável seu escudo).
Mesmo sem alimento, fiquei saciado
Mesmo sem água, eu já não sentia sede
Mesmo sem ter algemas, me sentia preso
Sem perceber ela me tinha em sua rede.
Mas eu sabia, lá no fundo eu já sabia
Minhas chances, infelizmente, eram nulas
Perto dos outros dois milhões de pretendentes
Eu era simplesmente o imperador das mulas...
Mas eis que um dia (Oh Destino imprevisível!)
Ela me viu, me quis e eu já não estava só
Ninguém acreditou (fugia às previsões)
Eu era então o premiado, a zebra mor!