SER TANTO
Por ser!
Tantos,
E em cada canto,
Não ser eu mesmo.
Há um abismo, no eu.
Um beco,
Uma pedra que de tão mísera e feia,
Tem meus os olhos!
Uma pedra de tão mísera e feia,
Mim é minha margem.
Há um terço que não rezo,
Há um resto que não tem fim,
E não há medo
Se não fique nada,
Se não tenha nada,
Que não reste nada,
É como um antidoto,
Há um copo cheio e um homem seco,
E tão domável são suas palavras: poeta!
Amantes, temei os poetas!
Eles são tantos, e se notares,
Eles não passam de um.
Por ser!
Tantos...
E se valer do tédio,
Quando em canto,
Não é por que não haja vida!
É que bem, mas clara é saber! Que não há saída.
Ser tantos...
E beber só,
Não é que seja fraca a bebida,
Há em cada homem, sua própria mesa!
Sentai...
Eu sempre bebi eu mesmo!
Ser tanto,
E em cada canto,
Não ser eu mesmo!
E mas um canto...
Em que me encontro!