SER TANTO

Por ser!

Tantos,

E em cada canto,

Não ser eu mesmo.

Há um abismo, no eu.

Um beco,

Uma pedra que de tão mísera e feia,

Tem meus os olhos!

Uma pedra de tão mísera e feia,

Mim é minha margem.

Há um terço que não rezo,

Há um resto que não tem fim,

E não há medo

Se não fique nada,

Se não tenha nada,

Que não reste nada,

É como um antidoto,

Há um copo cheio e um homem seco,

E tão domável são suas palavras: poeta!

Amantes, temei os poetas!

Eles são tantos, e se notares,

Eles não passam de um.

Por ser!

Tantos...

E se valer do tédio,

Quando em canto,

Não é por que não haja vida!

É que bem, mas clara é saber! Que não há saída.

Ser tantos...

E beber só,

Não é que seja fraca a bebida,

Há em cada homem, sua própria mesa!

Sentai...

Eu sempre bebi eu mesmo!

Ser tanto,

E em cada canto,

Não ser eu mesmo!

E mas um canto...

Em que me encontro!

Severino Filho
Enviado por Severino Filho em 25/06/2014
Código do texto: T4858670
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