OS PIRATAS
Cesse tudo o que a força bruta pode,
Que eu tenho tal poder de a liquidar
Já que nada de forte mais a acode,
Pois já vejo o desejo neste mar
Que a vil poeira assim já me sacode
No breve, longo e duro meu olhar,
Porque o valor escuro de alto preço
Jamais terá um fácil endereço!
Não tenho pena destes vis senhores
Que roubam tudo aquilo que desejam
Espalhando os tamanhos seus horrores,
Pois a terra dos outros tanto almejam,
Matando os meus jardins de belas flores
Como se outra batalha nunca vejam,
E entre olhares maldosos de pecado
Espalham o terror que é desgraçado.
Os piratas só querem sangue humano
A escorrer pelo chão tão miserável,
E demonstrando o tal valor do engano
Num espírito assim insaciável
Causam um tão maior e duro dano,
Na sombra do domínio detestável,
Porém eis que aparece o povo herói
Que os seus loucos caprichos já destrói!
Em retirada vão eles com medo
Da força poderosa desta gente,
Que no sangue carrega o seu segredo
Da alma que mostra o quanto é valente!
Os rebeldes não têm o rosto ledo
Porque mesmo que tenham a serpente
Nos corações horrendos que são deles,
A coragem da gente engana eles.
Porém os vis piratas não desistem
E juram atacar de novo o império
Que a eles dizem só caber, e insistem
Que irão dar uma volta ao hemisfério,
Pois já pensam que sempre nos resistem,
Nem que paguem com a vida em cemitério,
Porque são uns ladrões das nossas terras
Que só querem causar-nos novas guerras!
Mas nós estamos prontos para tudo
O que de mal os duros forasteiros
Possam causar no nosso corpo e escudo,
Pois seremos a força dos primeiros
Homens que afastarão já sobretudo
Esses muitos piratas trapaceiros,
Que nunca poderão ganhar à gente
Que tem de Deus a força persistente!
Ângelo Augusto