Livre-arbítrio (republicando)

adoeço a vida

entre mobílias velhas e ácaros

penduro-a no varal

entre pássaros

pensamentos

recordações

faço minha a culpa

salgando alimento com lágrimas

esterilizo o banheiro

me absolvo de tantos pecados

e me farto orgulhosa

do pseudo livre-arbítrio

cuja única porta se abre para o inferno

panelas me chamam pelo nome

íntimas amigas do fogo

destruidor dos vestígios

de sonhos libertários

de devaneios marxistas

de filosofias platônicas

tranco portas e janelas

puxo as cortinas

e me revelo a verdade

sentada no chão da sala

paira no ar a derradeira nota musical

de uma sentida cantiga de ninar ilusões

Tânia M. da C. Meneses Silva

13 de junho de 2007

TÂNIAMENESES

Enviado por TÂNIAMENESES em 16/09/2007

Reeditado em 23/09/2007

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