Por quem choraste?

Era noite de céu límpido e doce magia...

Ele tinha caminhado pelas estradas

Do ontem, e muito queria

Saber dela, a mais amada das amadas,

O que ela, nesses caminhos, tanto fazia,

Do seu amor, nessas tantas caminhadas...

Lembrava que um dia quase a vira partir,

Lágrimas ardentes a rolarem pelo rosto,

Alma magoada do seu triste ferir,

Coração macerado de mudo desgosto...

Não te vás – ele pediu – pois serão insanos

Os meus dias. Ela não foi. Passaram-se anos!...

O luar, entre as nuvens, se escondia

E reaparecia, e ela perguntou:

- Então, meu amor, naquele dia,

Foi por mim que você chorou?

Ele respondeu: - Não foi por ti e nem podia ser assim;

Se fosses, levarias minh'alma. Chorei por mim!...

Lembrou que um dia ele quase fora embora,

Mastigando ofensas e declarando nunca mais!

Ele queria ir, enquanto ela, chorosa,

Queria tão somente um pouco de paz.

Não te vás – ela pediu – pois haverá danos

Aos meus dias. Ele não foi. Passaram-se anos!...

A lua já brilhava, esplendorosa,

E tomada de emoção, ela perguntou:

- Então, meu amor, naquela hora,

Foi por mim que você chorou?

Ele respondeu: - “Não, se te deixasse, no fim,

Contigo deixaria minh'alma. Chorei por mim!”

E a estrada, na frente,

Parecia mais larga e mais iluminada.

Ele beijou as mãos dela e lhe disse docemente:

- Jamais chorei por ti, ó minha amada,

Pois não sei se tens a alma livre ou cativa,

Chorei pela minha, coitada, que a terás enquanto eu viva!...

Santiago Cabral
Enviado por Santiago Cabral em 13/05/2007
Reeditado em 18/01/2009
Código do texto: T485471
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