Por quem choraste?
Era noite de céu límpido e doce magia...
Ele tinha caminhado pelas estradas
Do ontem, e muito queria
Saber dela, a mais amada das amadas,
O que ela, nesses caminhos, tanto fazia,
Do seu amor, nessas tantas caminhadas...
Lembrava que um dia quase a vira partir,
Lágrimas ardentes a rolarem pelo rosto,
Alma magoada do seu triste ferir,
Coração macerado de mudo desgosto...
Não te vás – ele pediu – pois serão insanos
Os meus dias. Ela não foi. Passaram-se anos!...
O luar, entre as nuvens, se escondia
E reaparecia, e ela perguntou:
- Então, meu amor, naquele dia,
Foi por mim que você chorou?
Ele respondeu: - Não foi por ti e nem podia ser assim;
Se fosses, levarias minh'alma. Chorei por mim!...
Lembrou que um dia ele quase fora embora,
Mastigando ofensas e declarando nunca mais!
Ele queria ir, enquanto ela, chorosa,
Queria tão somente um pouco de paz.
Não te vás – ela pediu – pois haverá danos
Aos meus dias. Ele não foi. Passaram-se anos!...
A lua já brilhava, esplendorosa,
E tomada de emoção, ela perguntou:
- Então, meu amor, naquela hora,
Foi por mim que você chorou?
Ele respondeu: - “Não, se te deixasse, no fim,
Contigo deixaria minh'alma. Chorei por mim!”
E a estrada, na frente,
Parecia mais larga e mais iluminada.
Ele beijou as mãos dela e lhe disse docemente:
- Jamais chorei por ti, ó minha amada,
Pois não sei se tens a alma livre ou cativa,
Chorei pela minha, coitada, que a terás enquanto eu viva!...