Entrevista com o diabo
Tua matéria
tua nuca
tua correia de fogo
Ocupo-me apenas
disto e de pouco mais:
teu semblante, pois,
É esta lâmpada
(neste ponto teus dedos inaugurariam
toda uma flora na Bahia
teu eterismo nenhum
teu cavalo-de-pau
o movimento de teu ombro)
Mas é exiguidade
tudo o que vejo, tua face,
um lampião na destra do diabo
que finalmente me encontra
de tanto que procura, imóvel,
em meu quarto, para certa entrevista
Com terno velho
unhas roídas
avança, pé ante pé,
Erguendo tua cabeça
e pára, rente a minha escrivaninha,
de lá de onde me vê:
Olha, franze o cenho, cospe no chão
diante de meu maravilhoso
tédio de topázio
Diante de minha
maravilhosa inércia mineral
(e sai, sem proferir palavra)
<poema inspirado em TODA INTEIRA, Baudelaire>