À deriva

Após tanto ter singrado por mares bravios, por anos,
E desbravado os mais recônditos oceanos, ora me vejo,
Velas arriadas, cordames ceifados, em tom de despejo,
Vagando ao léu, sem âncora ou leme, isento de planos.

Os sonhos que enfunavam minhas velas cessaram,
Rumaram por certo em outra direção, talvez ao norte,
Por tantas vezes cheguei até mesmo a desejar a morte,
Certeza dos que vivem e mormente dos que amaram.

Por ora me encontrar à rola, à deriva e em mar aberto,
Anseio por logo retornar a um porto que me acolha,
A qualquer enseada, nem mesmo mais faço escolha,
Onde me sinta afinal protegido e resguardado, por certo.

De meu barco, adernado e maltrapilho, pouco a recuperar,
Dele não restou nem o brilho com que se revestiu outrora,
Nada de sua imponência, de seu esplendor e somente agora
Tomo consciência da falta que faz o sobreviver sem te amar.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 22/06/2014
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