AS POESIAS E OS RIOS…

“A tarde está verde no olho das garças.”

Manoel de Barros

Eu poderia dizer, sem medo de errar,

que as novas poesias estão prontas

almejando alguém vir resgatá-las.

Estão todas estiradas à beira de

um rio; é que antes de voarem

têm de ser pisadas por garças,

tão-somente após “garceadas”

é que voarão para os livros!

Somente terão status e glória na vida,

se além de “garceadas”, trouxerem

sinais de mordidas de jacarés

sobre o dorso; pois que daí,

é que sabemos que foram

curtidas ao sol e nas batalhas.

Nos restos de lodo pode

se ver sinais das vitórias!

Quantas vezes estas poesias tiveram

que esticar o dia pra não escurecer

antes dos vagalumes? Alvoradas

intermináveis, até os pássaros

vir alegrar o rio sonolento;

no canto desses pássaros

exibiram-se aos homens

das canoas de pescas!

Quando prontas e licenciadas a voarem,

são seletivas e buscam grandes poetas

para se dizerem suas bem-amadas

filhas; daí ganham identidade e

respeito para toda a eternidade.

E são dispensadas de acender

os dias e de passearem com

com os peixinhos órfãos!

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 22/06/2014
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