Florescências!

Toquei a noite mais fria, água pelos olhos,

O coração que enregela tácito, transtornos,

Pede a atenção que não vem, sai por fora,

Pede o sorriso, o abraço, um traço talvez,

Sem audiência, sem ouvintes, apenas estrelas,

Quais piscam rutilantes & sistêmicas, infinitas,

Choram todas as lágrimas ouvidas, relatadas,

Ouvidos para recompor tantas desavenças,

Apenas favores aos quatro cantos, novos & velhos,

Um estepe para horas vazias, subterfúgios,

No subterrâneo do crer, recontar, remoer, doer,

Calo na solidão que esquenta o peito arredio,

Falta-me essa boca para beijar agora, como falta...

Sentir o calor mais próximo do corpo, cálido frio,

Sem ter beira, nessa eira imaginária & absurda,

Paredes latentes da fumaça do cigarro que risca,

Insiste em queimar apressadamente, outra lágrima,

Mas nada fica além da espera, uma eterna espera,

Do amargo fel que a boa sente, mais horas largadas,

O corpo quase inerte, sente os espinhos do tempo,

Sente a distância intransigente, dolente, matreira,

Toquei o brilho da noite, mesmo sem a voz sair,

Toquei outro jazz, uma balada quase romântica,

Mas sem ter a ouvinte desejada, sem seu calor,

Sobraram novos restos pelo chão, uma cara lavada,

Cortei o tempo, esperando outras mudanças,

Apenas o copo vazio, o espírito cheio, algumas notas,

Um olhar travesso sobre a própria ironia & solidão!

Peixão89

Peixão
Enviado por Peixão em 13/05/2007
Código do texto: T485364
Classificação de conteúdo: seguro