Psiu...

 

Psiu...

Não façam barulho

Ela só pode estar dormindo..

Não ouvem o choro que brota do berço,

Não vêem os bracinhos estendidos à espera do peito,

A dor de ouvido a espera da cura,

A espera que não dura que

Chega sempre com um doce beijo?

 

Psiu...

Façam silêncio

Ela só pode estar dormindo...

Não notam nas filas de espera

Os cadarços soltos,

Os cabelos em desalinhos,

A ausência do perfume

Em fragrâncias de carinho,

Nas mochilas, nos uniformes

E ainda em desconformes encontram-se as

Lancheiras?

 

Psiu...

Não alterem o tom de voz...

Ela só pode estar dormindo...

Não notam a inquietação do relógio

Á espera de sua companheira,

Na balada derradeira ainda não se ouviu

O pedido aos Céus,

A proteção dos anjos,

Não se ouviu ainda

O suspiro de alívio

Diante do som do tilintar das

Chaves na porta

Anunciando que a madrugada

Trouxe de volta a criança grande,

Que no ventre pequena

Ainda pulsa?

 

Psiu...

Fiquem quietos

Ela só pode estar dormindo...

Não estão vendo que há

Ainda flores para se plantar,

Choro para se alegrar,

Janelas para se fechar

Cortinas para se abrir e,

Um dia a mais para nascer?

 

Psiu...

Não há o que temer

Ela só pode estar dormindo...

Notem as camas desarrumadas,

A casa desordenada á espera

Da ordeira

Certeira nas medidas

Eficaz nas escolhas

Das colchas, dos laços,

Dos temperos...

Não se dão conta

Que faltam os exageros dos mimos

Falta o muro de arrimos

Sobra o rosto sem riso

Falta o olhar tão preciso?

 

Psiu...

Ela só pode estar dormindo...

Não se recordam do desejo do poeta?

Almejou a Onipotência do Pai

Para na terra baixar o decreto

Que se Deus, assim ele o fosse

Mãe jamais morreria...

 

Psiu...

Ela só pode estar dormindo...


ziza Silvestre
Enviado por ziza Silvestre em 13/05/2007
Reeditado em 13/05/2007
Código do texto: T485243
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