Adornos e afagos
Adorno de cetim os porões de meu tempo
e enfeito de fitas os arabescos dos portais dos desejos meus,
vou compartilhando cores para tecer os matizes da alma,
e deixo despencar do ego, afrescos, lantejoulas e miçangas.
Respiro o aroma das chuvas de novembro que em mim desaguam,
outras inundações lavam meu semblante desprovido de inquietações,
procuro o cheiro de frutas temporãs e deito numa rede, a consciência leve,
depois acalento e afago o coração para sentir o pulsar duma vida brejeira.
Redescubro o ocaso que me cerca, para vislumbrar o crepúsculo que invade-me,
tenho por convicção, o gosto do acaso que saboreio sem pressa alguma,
e meu silêncio, nem sempre é sinônimo de aceitação do fato consumado,
as coisas que não me importam, exporto para enxugar inúteis preocupações.