Adornos e afagos

Adorno de cetim os porões de meu tempo

e enfeito de fitas os arabescos dos portais dos desejos meus,

vou compartilhando cores para tecer os matizes da alma,

e deixo despencar do ego, afrescos, lantejoulas e miçangas.

Respiro o aroma das chuvas de novembro que em mim desaguam,

outras inundações lavam meu semblante desprovido de inquietações,

procuro o cheiro de frutas temporãs e deito numa rede, a consciência leve,

depois acalento e afago o coração para sentir o pulsar duma vida brejeira.

Redescubro o ocaso que me cerca, para vislumbrar o crepúsculo que invade-me,

tenho por convicção, o gosto do acaso que saboreio sem pressa alguma,

e meu silêncio, nem sempre é sinônimo de aceitação do fato consumado,

as coisas que não me importam, exporto para enxugar inúteis preocupações.

Marçal Filho
Enviado por Marçal Filho em 20/06/2014
Reeditado em 19/07/2015
Código do texto: T4852375
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