Amores permitidos

Ontem, peremptório, disse e hoje solene desdigo,
Que enquanto pulsar o coração neste meu peito,
Não mais viveria amores, senão em meu leito,
Com a mulher que me amasse, que estiver só comigo.

Que não me envolveria em amores clandestinos,
Nem mesmo trilharia por caminhos distantes,
Seria o amado, o namorado, nunca mais o amante,
Nem perderia o rumo, divorciado de meu destino.

Hoje, vendo a cama vazia, carente de tudo que és,
Que representas, ao lembrar de todas tuas nuances,
Melhor pensando, creio até que existem chances,
De que continue, como sempre, prostrado a teus pés.

Basta que continues sendo este amor que me acalma,
Que divida comigo tuas dúvidas, teus íntimos anseios,
Que me acolha em tuas coxas, no ventre, em teus seios,
Que se funda comigo neste encontro de nossas almas.

Bem sei, até mesmo pode parecer imenso contradito,
Acolher-te, como ora proponho, quando ainda atados
A amores findos, em que se sabe não mais amados,
À espera deste instante lindo, em que te terei comigo.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 20/06/2014
Reeditado em 21/06/2014
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