MANDACARU
Nasceu entre os espinhos,
numa terra feia de árvores pequenas,
onde a pobreza vil e extrema
escolheu pra morar no caminho.
Lá, a fome catiga e mata,
leva consigo até a criança
que é para não dar esperança,
viver é uma sina ingrata.
Abandonou todos à sorte,
quem sabe se vai nascer
e se nessa terra irá crescer?
Só sabe o destino, parceiro da morte.
Galhos ressequidos espalhados no chão,
casebres de piso de terra batida,
nas paredes redes de pano estendidas,
remendadas feito o coração.
Panelas velhas e amassadas
descansam nas antigas prateleiras,
ainda tem o cheiro da refeição derradeira
a que não pode ser guardada.
Marcelo Queiroz
18/05/2014
23:27:32