MANDACARU

Nasceu entre os espinhos,

numa terra feia de árvores pequenas,

onde a pobreza vil e extrema

escolheu pra morar no caminho.

Lá, a fome catiga e mata,

leva consigo até a criança

que é para não dar esperança,

viver é uma sina ingrata.

Abandonou todos à sorte,

quem sabe se vai nascer

e se nessa terra irá crescer?

Só sabe o destino, parceiro da morte.

Galhos ressequidos espalhados no chão,

casebres de piso de terra batida,

nas paredes redes de pano estendidas,

remendadas feito o coração.

Panelas velhas e amassadas

descansam nas antigas prateleiras,

ainda tem o cheiro da refeição derradeira

a que não pode ser guardada.

Marcelo Queiroz

18/05/2014 

23:27:32

Marcelo Queiroz
Enviado por Marcelo Queiroz em 20/06/2014
Reeditado em 09/01/2019
Código do texto: T4851866
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.