Enciclopédia Poética

Escutaram de montes uivantes

Os gritos de um casmurro em solidão,

Garotos de engenho subiram a elevação

E do fogo morto das estradas solitárias

Perceberam que não podiam seguir adiante!

A chuva que caía embelezava os lírios dos campos

E nos urupês da existência os minutos condenados

Eram os massapês das taipas sem portas

Que abandonaram ao relento as cidades mortas

Onde nas noites só havia o luzeiro dos pirilampos.

Na antítese do viver evidenciam-se os sertões

Que ardem sentimentos causando angústias

Com a poeira que enche a atmosfera de vidas secas

E transformam na arena úmida dos corações

A sensibilidade que a face dos notívagos enfeitam.

É hora de as estrelas brilharem no cume do firmamento

Salpicando faíscas nas maçãs que viçam no escuro,

Algumas são teimosas, armam-se de inexpugnáveis escudos

Para combater a ousadia frenética das legiões estrangeiras

Em cujos laços de família as maçãs são verdes, mas faceiras.

O mar se agiganta perante a estátua de Iracema

E os guaranis cantam seus ritos com afã,

Senhora das noites, a lua clareia Canaã

Tornando amar um verbo intransitivo pleno de proteínas

Que alimentam a sedenta verve do herói Macunaíma.

Os capitães povoam a ribalta na areia das enseadas

Enquanto as madrugadas se escondem nas terras do sem fim,

As tietas do agreste colhem flores em canteiros de jasmins

Em que os cravos e canelas adornam a face de Gabriela

Que lava seus pecados no riacho doce das bem amadas...

Crimes e castigos são impostos aos líderes das turbas

Que violentam as milícias onde sargentos bebem cubas

E perturbam o silêncio no recinto dos seminaristas...

Exultam-se os corpos que têm o talento dos bíceps

E em leituras guardam-se expressões do pequeno príncipe!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 19/06/2014
Código do texto: T4851423
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