Concerto das Vassouras

Não quero que cantes diante das tundras,

Lá não tem eco, há balaústres e horrores

Que excitam a malevolência de obsessores

E a melodia fica oca, sem notas jucundas.

Quero tua voz como meu único alforje

Para escutá-la perante os ímpios, a impiedade...

Quero trucidar o incesto fúnebre da mocidade

Para ter a certeza de que de mim tu não foges.

Desejo açodar-me no turbilhão das sendas

A fim de que possa evitar que tu ofendas

As cicatrizes dum tempo que dorme em lantejoulas...

Espero que os ventos, persuadidos, vomitem brisas

E derramem sobre as cacholas o ar que minimiza

As ilusões varridas pela piaçava das vassouras!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 18/06/2014
Código do texto: T4849220
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