TARDE VAZIA

(Sócrates Di Lima)

A tarde grita...

E no meu silêncio me recolho,

Lá fora tudo se agita,

E aqui da minha janela, só de olho.

Ouço estrondos,

Fogos explodindo no céu,

Voos assustados de pombos,

Desencontrados, ao léu.

As ruas vazias,

O estacionamento sem carro,

Não vejo alegrias,

Numa árvore canta um João de barro.

Recolho-me,

E o meu silêncio grita,

Em mim, escondo-me,

E a saudade me imita.

Não quero a saudade agora,

Nem quero pensar em ninguém,

Uma festa lá fora,

Não me importa de quem....

A tarde vazia,

Solitária e bela,

Desfolha a poesia,

E mesmo não querendo, penso nela.

E por misericórdia,

A tarde chora,

Soluça na discórdia...

Grito: - saudade, vai-se embora!

E no conflito que o pensamento cria,

Deito-me sobre o leito frio,

Esqueço por um instante a melancolia,

e na tarde,

Minha vontade,

De dormir e sonhar, eu crio.

Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 17/06/2014
Reeditado em 17/06/2014
Código do texto: T4848540
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