ÁGUA
Passo pela vida as vezes com pressa
As vezes tão lenta, quase dispersa.
Mas há momentos que vou com tudo e me desfaço em miúdos
Corro ligeira, muito faceira, as vezes treteira
Ora menina, sou uma concha ao mar
Ao sabor das ondas, a espera de um breve aportar
Só não me assento por muito tempo
Careço de sonhos, alento e o desespero que sinto no vento
Ora eu subo, ao sabor da lua eu fluo
Mas há algum tempo que desço ao raiar do dia
E embora o sol me beije com paixão, estou fria
Quase gélida!
Quebro-me em ondas e não me quebro
Pergunto-me, será se sei se meu caminho é doce ou sal?
Ou sê-lo-ia os dois?
Salobra será então!
Não me importo, já estou a andar para além do moinho
Desço o morro com desespero e arrebento o que vejo
Só continua inteira, pois não entendestes o que sou
Sou água, as vezes turva, outras bem clara
Que seja!
Sou água, é o que importa.