[A loucura da duração]
Quando enxerguei e apreendi, era tarde,
já era chegado o tempo partido,
e aquela duração revelou-se loucura.
Tempo esvaído contra todas as esperanças,
o meu ex-lugar de ser para onde eu não volto,
pois as portas bateram atrás de mim.
Tempo dos sustos das lembranças
tornadas em agudos espinhos de espreita,
cravados fundo na minha carne sequiosa.
Tempo que circuita e se recupera num átimo
quando a minha vista para num objeto que restou,
não sei se deixado com o propósito de ferir.
Tempo em que a duração de uma música
serve não como bálsamo, ou alívio,
mas para acender fogueiras na mente!
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[Ilhabela, 10 de junho de 2014]