Distorção
Sai do foco, luz distorcida,
golpeada, atingida,
morre ofendida regando em lágrimas o que foi um dia
a imagem que reluzia sem medos ou covardia.
Perde-se em sombras, assoma-se, rende-se, dá-se por vencida.
Prostra-se subjugada por mentiras,
línguas pérfidas tiram-lhe a vida!
Renasce!
Na morte encontra sua guia.
Assume novas asas, no manto da noite se abriga, e briga...
Clama pelo sangue, combate, grita, sobrepõe-se ao destino que existiu um dia,
toma as próprias rédeas, faz-se só e na solidão só sua caminha.
São seus os gritos antes emudecidos, prostituídos pela vaidade que se erguia,
alimenta com o fruto de suas entranhas o tempo no espaço fenecido,
fere a semente que germina marcando a terra com seus passos sem vida.
Segue no vazio, brada aos ventos, fere a luz semeando lamentos,
É o fruto germinado da imagem desmistificada, desnuda do próprio momento.
Seu é o verbo, a razão, o julgamento,
o fim que acompanha a vida na morte que macula a origem do tempo.