Despedida
Decompõem-se as células
alheias às mais eloquentes epopeias
obedecendo, irrefutavelmente,
às leis da natureza.
Agora
subjetiva é a peculiar dor
de quem chora uma partida.
Que dor, pois, seria alguém partir
sem deixar dor?
Se nossa vida permanece
na lembrança de quem fica!
Então, estimada dor:
Dilacera-me o peito com carinho;
mareja-me os olhos
de imensurável saudade;
doa sem receio,
sem ressentimento
porque está tudo bem!
O pranto de quem se despede
nada mais é do que gratidão
por quem tudo de bom nos fez.
Querido pai
podes ir!
Está tudo bem!