NA FRENTE DE TUDO, DEUS.

Se é pra instilar veneno

Mentir-se herói na história

Se é pra manchar a memória

Com teu discurso pequeno

Com maldade eu não me anteno

Nem com a língua perversa

Tua infâmia se dispersa

Ante o meu peito leal

Se é pra só falar o mal

Não ponha Deus na Conversa.

Se é pra se fazer de Santo

Mas por trás meter a língua

Se é pra desejar a míngua

De tudo aquilo que planto

Se é pra usar o teu canto

Pra fazer bondade inversa

Se tens tua alma imersa

No profundo lodaçal

Se é pra só falar o mal

Não ponha Deus na conversa

Se é pra que o povo não veja

O lobo vil e funesto

Se é pra parecer honesto

Mártir da boa peleja

Tua má língua verseja

A mentira mais diversa

Se tudo aquilo que versa

Tua boca é um punhal

Se é pra só falar o mal

Não ponha Deus na conversa

Pois só ponha Deus no assunto

Se é pra desejar o bem

Sem olhar o qual, a quem,

Sem pensar em adjunto

Então, irmão, te pergunto:

Pra que esse ódio agudo?

Pra que mentir tão sanhudo

Se é melhor em paz deixar

Cada santo seu lugar

E Deus na frente de tudo?