Implosão
Não confio em gente que não chora,
que não se derrama.
Que põe um escudo diante de si no momento do caos,
e depois de um tempo,
derrotados por conta de suas implosões,
saem metralhando toda gente.
Desferem flechas e gritos na direção errada,
e fazem o outro sangrar por conta de sua dor reprimida.
Gosto de gente que grita na hora do tiro,
que quebra na desolação.
Que externa do jeito mais dolorido aquele seu mar revolto.
Gosto de gente de verdade,
que prefere abraçar o tornado
a abafar seu estrondo.
Gosto porque depois saem leves,
sem amarras, sem dores enraizadas.
Simplesmente porque depois de tudo,
ainda podem amar sem cacos espetando o que elas são,
sem portas rangendo diariamente.
Sem o peso latente de uma dor obediente.
(Talita Fernanda Sereia)