No meio do caminho de nossa vida, me vi perdido numa selva escura
Um escritor não é personagem histórico,
É personagem folclórico, galhos e ódios.
Nunca vi escritor algum, apenas homens
Dissertando sobre bobagens professorais,
Declarando amor e inveja a Hamlet,
Chorando o final da caixa de bombons.
Os escritores existem apenas atrás das grades de um livro,
Sem direito às retratações, apenas um retrato e arrependimentos,
Erros de sintaxe, invenções mirabolantes, fórmulas fracassadas.
Escritores de verdade não escrevem,
Paralisam-se por anos até o óbvio aflorar, galhos e amores.
O escritor é a árvore proibida, a mais garrida,
Um imbecil com um megafone,
Ferros-velhos em novos odres.
Não há escritor que não prefira viver a escrever,
E que a escrita não venha tão impulsiva
Quanto magia, mediunidade ou difteria.
O sucesso de um escrito dá-se pela verdade de sua mitologia,
Das flores que faz fluir, dos rios que faz florir, das árvores que proíba comer.