No meio do caminho de nossa vida, me vi perdido numa selva escura

Um escritor não é personagem histórico,

É personagem folclórico, galhos e ódios.

Nunca vi escritor algum, apenas homens

Dissertando sobre bobagens professorais,

Declarando amor e inveja a Hamlet,

Chorando o final da caixa de bombons.

Os escritores existem apenas atrás das grades de um livro,

Sem direito às retratações, apenas um retrato e arrependimentos,

Erros de sintaxe, invenções mirabolantes, fórmulas fracassadas.

Escritores de verdade não escrevem,

Paralisam-se por anos até o óbvio aflorar, galhos e amores.

O escritor é a árvore proibida, a mais garrida,

Um imbecil com um megafone,

Ferros-velhos em novos odres.

Não há escritor que não prefira viver a escrever,

E que a escrita não venha tão impulsiva

Quanto magia, mediunidade ou difteria.

O sucesso de um escrito dá-se pela verdade de sua mitologia,

Das flores que faz fluir, dos rios que faz florir, das árvores que proíba comer.

Ferlumbras
Enviado por Ferlumbras em 11/06/2014
Reeditado em 11/06/2014
Código do texto: T4840818
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