Dualidade (Um ser ambíguo)
Dois seres que habitam dentro de mim.
Existe entre eles, um intenso conflito.
Dia e noite, lutam, duelam e digladiam,
Por minha vida e me disputam no grito.
Um quer paz o outro a guerra;
Um é côncavo o outro convexo;
Um é vice o outro é versa;
Um é frente o outro é verso.
Um quer tudo o outro nada;
Um quer ele o outro ela;
Um é fêmea o outro é macho;
Um é fera o outro é “bela”.
Um é pai, simples e casto,
O outro é chique, libertino e filho.
Um é rude, bruto e esnobe,
O outro é doce, terno e maltrapilho.
Um é luz o outro é sombra;
Um é virgem o outro é “puta”;
Um é homo o outro é hetero;
Um descansa o outro labuta.
Um é feio, frágil e água,
O outro é firme, vinho e belo.
Um separa, é praia e fraco,
O outro é forte, é campo e elo.
Por meu controle, noite e dia, me disputam.
Por meu domínio, nessa batalha, eles persistem.
Mesmo sabendo que essa guerra não tem fim,
Eles não vencem, nunca perdem e nem desistem.