A camponesa e o poeta

Nos idos de muito tempo
O tempo não apagou da lembrança
A saga de um amor não vivido
Acalentado pela esperança
Ao luar de um sertão esquecido.

Ela era traduzida em poesia,
Ele o poeta de tímidos versos,
Ela a imagem da eterna alegria,
Ele a nostalgia de um regresso.
 
Ela era um sonho azul e dourado,
Ele a intenção não revelada ainda,
Ela o esplendor de um dia ensolarado,
Ele o próprio desejo na vontade infinda.
 
Ela era o brilho da estrela desejada,
Ele um lampião sem querosene,
Ela para ele era quase perene,
E ele para ela não significava nada.
 
Ela era a música que ecoava no dia,
E ele o sempiterno silêncio da madrugada,
Ela era o rastro de uma linda sinfonia,
Ele se sentia uma viola desafinada.
 
Ela era uma rosa perfumada,
Ele era um cravo machucado,
Ela não o via com os olhos de amada,
Ele só a via como um cego apaixonado,
 
Ela era a brisa em plena liberdade,
Ele o calor nas trevas da emoção,
Ela era o alívio depois da tempestade,
Ele era o ruído do canglor de um trovão.
 
O tempo sufocou a esperança
E o poeta fez calar o sentimento.
Numa tarde de maio ela trocou alianças
E ele desconsolado a argola do pensamento,
Seu peito uma tumba selada de sofrimento.
 
Hoje, um resquício de saudade e certeza...
Que o poeta ainda guarda em sua memória,
Dedicados ao amor por uma camponesa.
Os seus versos são rabiscos de uma história.

 
Ademar Siqueira
Enviado por Ademar Siqueira em 11/06/2014
Código do texto: T4840409
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