ÁGUAS DE JUNHO

Ela é dona

de três partes

do planeta.

Pura e cristalina,

é fonte de vida.

A beleza

das cachoeiras

nos cartões postais.

A necessidade

da chuva caindo.

O espanto,

o rio subindo

com as águas

de junho.

A tragédia,

o desgosto,

a teimosia da água

em não continuar

passando apenas

debaixo da ponte.

A tragédia,

o desgosto,

com a cidade alagada,

de não se saber

o que é rio

o que é estrada.

A dor

e a impotência,

diante do rio passeando

sem ser convidado

dentro de casa.

Às vezes,

a ironia...

tanta água,

e não ter água

pra se lavar.

E o temor,

quase horror,

de quando

a água se for,

não ser dono

de mais nada.