f. 4.7 A OUSADIA DO SOBREVIVENTE
4.7 A OUSADIA DO SOBREVIVENTE
N em sei quando cai do meu ninho,
Que roubaram as asas da inocência.
A queda deformou a ave sem raça,
Seria um pardal, cardeal ou o que?
Atacado por lava-pés e deformado,
Mutilado na infância sem penas,
Malditas lava-pés que picam e coçam.
Ratos atacam as aves e mutilam,
Deformam, roubam a cor azul.
O forte apache nunca foi meu de fato,
Meu mundo era o barranco vermelho.
O negro magrinho da imaginação,
Que sorria largo no meu choro.
Isolado do mundo o pássaro é o que?
É gaiola de metal ou rato ou lava-pés?
Gozações que porque o canto é torto,
As asas são tortas e tão cinza na criação,
Maldito canto de notas sem ritmo.
Para que nasce tal ave tão bizarra assim?
Sobrevivendo a humilhação do mundo,
A querer as coisas e não ter jamais,
Lutar para a conquista com o pé na estrada,
A asa ficou na infância perdida.
Amar a borboleta, pois ela ensinou a voar,
A crer que as asas estão no coração,
Que o mundo pode ser bolha de sabão,
O infinito é o momento agora no sorriso.
A borboleta um dia saiu de minha vida,
Maldito destino torto que a roubou,
Deixando-me ave sem asas caída no chão.
O mundo é engraçado girar de rotação,
Programa louco de um Deus alucinado,
Se Deus é Deus, então ele deve ser pagão,
Pois, não ia deixar ave tão feia assim no chão.
O destino torto joga seres encantados,
Maldiçoes impagável para um ser,
E a ave com asas imaginaria sobrevive.
Prende a canção numa poesia apenas,
Troca à borboleta por uma gata louca,
Como tentou trocar a vida pela partida.
Hoje na madrugada vejo o que me tocou,
Sou ator de toda a minha emoção,
Procurando ser feliz mesmo sendo triste,
Boicotando minha própria felicidade,
Apenas por medo de não ser e fazer feliz.
Já desisti de tudo e venci sem querer vencer,
Hoje quero ter alguém para ver acordar.
Mais um ano passou como fragmento de luz.
SOBREVIVI e ainda não aprendi a VOAR...
André Zanarella 10-06-2014 01h00min AM
Hoje completo 47anos, sem correção.
Deixando a mente divagar.