Reais
Por pouco, por pedaços de papel
Louco, sano, bom ou cruel
Por poucas folhas cometem tantas falhas
São honrados ou canalhas
São gente que recebe e não sente
A insignificância de certas migalhas
Não alimentam, não aquecem
Mas é o suficiente, o que merecem
Reais e mais reais, tem quem encontre paz
Tem quem recebe e não faz
Muito mais tem, quem não é refém
Das cifras sujas que circulam ao além
Pode hoje ser meu, amanhã seu
E depois de ninguém
Os sorrisos e choros, ele também paga
Ele também estraga, as felicidades e dores
Sentido dado, por tudo comprado
O que é real, de frente ao real
Pago por real, o que é normal
Não sei se a vendedora é gente boa
Se sorri para o mundo, se é feliz atoa
Ou se o real paga o sorriso
Se o chefe diz que é preciso
Sorrir, pra garantir o real
Depois de muito insistir, isso vira normal
E a cifra faz o sistema andar
Até pra nascer ou matar
Tudo depende do papel crucial