Montagem

A tempestade no meu copo,

A chuva que molha meu corpo.

A reluzente face da faca,

A pele cortada porque é fraca.

O espelho mostra meu temor,

As pernas não suportam o tremor.

Os detalhes de um dia feio,

Um dia que escorre sem freio.

Tormentas num dia de festa,

O olho que olha pela fresta.

As frutas que ninguém lava,

As águas que correm pra larva.

Meu nome escrito na tela,

Assinando a autoria da trela.

Os acordes serão tocados,

Versos de amor serão trocados.

A planta que a chuva rega,

O jogo que não sei a regra.

Chegar até o fim por um fio,

Sem se importar com o frio.

O velho pagar o pato,

A velha cusparada no prato.

A moeda atirada na fonte,

A caneta riscando sua fronte.

A lembrança de uma dama,

A sensível escrita de um drama.

Vontade de fazer um pedido,

Olhando nos olhos do amor perdido.

Vou pintar com a mesma tinta,

Vou parar aqui pelo trinta.

Felipe Melo
Enviado por Felipe Melo em 20/02/2005
Código do texto: T4838